Arranha-céus de madeira: um meio de baixa emissão de carbono
A madeira é um material de construção que possui uma história milenar e que deixou uma marca significativa na evolução da arquitetura ao longo dos séculos. Desde casas geminadas até antigas catedrais, a madeira foi utilizada de maneira criativa e engenhosa como material construtivo. No entanto, com o avanço da tecnologia e o crescimento das paisagens urbanas em direção ao céu, a madeira emergiu como uma forte concorrente do aço e do concreto no projeto de arranha-céus.
O século 21 trouxe consigo uma urgente preocupação com as mudanças climáticas. A indústria da construção civil, responsável por cerca de 40% do consumo mundial de energia e um terço das emissões de gases de efeito estufa, estava buscando alternativas que priorizassem tanto a responsabilidade ambiental quanto a estética na arquitetura. Foi nesse contexto que a madeira, com suas propriedades verdes inerentes, começou a ser cada vez mais utilizada em projetos de construção ao redor do mundo.
Diferentemente do concreto, que passa por processos de fabricação conhecidos por suas emissões de carbono, as árvores funcionam como absorvedores naturais de carbono ao longo de sua vida. Quando essas árvores são usadas para criar madeira engenheirada, elas continuam a sequestrar carbono em vez de liberá-lo na atmosfera. Estudos mostram que um único metro cúbico de madeira pode armazenar mais de uma tonelada de dióxido de carbono, posicionando a madeira como um material promissor para alcançar a negatividade de carbono na construção. Além disso, a produção de madeira engenheirada exige menos energia do que a produção de concreto e aço. A madeira é um recurso renovável e pode atender às necessidades de uma indústria da construção que historicamente consumiu muitos recursos naturais.
A madeira possui qualidades que a tornam uma excelente escolha para a construção de arranha-céus. Sua leveza reduz a carga sobre as fundações, facilita o transporte eficiente e a montagem no local. Além disso, sua flexibilidade contribui para a resiliência estrutural, especialmente em regiões sujeitas a atividades sísmicas. A madeira laminada cruzada, uma forma de madeira engenheirada, oferece grande resistência e rigidez, reforçando a capacidade de um edifício de resistir a terremotos. Edifícios feitos com madeira engenheirada são construídos mais rapidamente, possuem uma estrutura mais robusta e têm ganhado popularidade nos últimos anos.
No mercado atual, diversas formas de madeira engenheirada estão disponíveis. A madeira engenheirada é produzida unindo peças individuais de madeira macia, criando componentes maiores e mais reforçados, o que aumenta a integridade estrutural. Entre os avanços recentes na engenharia da madeira, destacam-se o uso da madeira lamelada colada, conhecida como glulam, e a madeira laminada cruzada. O ressurgimento da madeira engenheirada na construção de arranha-céus levou à criação do termo "plyscrapers", marcando uma mudança significativa no design arquitetônico e no foco na sustentabilidade.
A construção de arranha-céus de madeira representa um futuro sustentável e inovador, mas também traz desafios. A utilização da madeira na construção ainda está em estágios iniciais de desenvolvimento e, frequentemente, pode ser mais dispendiosa em comparação com materiais de construção convencionais, como o concreto e o aço. A disponibilidade de recursos madeireiros também influencia a preferência pelo material, com regiões abundantes em florestas se destacando nesse aspecto. Além disso, os elementos estruturais de madeira tendem a ser maiores do que seus equivalentes em aço ou concreto, o que intensifica o consumo de recursos e reduz o espaço utilizável - uma preocupação para os envolvidos no setor imobiliário. A segurança contra incêndios ainda é uma preocupação para estruturas altas de madeira, o que motiva pesquisas contínuas sobre revestimentos resistentes ao fogo e técnicas para melhorar o desempenho dos materiais nesse aspecto.
Diversas propostas para revolucionar a arquitetura urbana por meio da construção de arranha-céus em madeira surgem em todo o mundo. Um exemplo ambicioso é o Projeto W350 em Tóquio, Japão, que visa atingir a impressionante altura de 350 metros e tem como objetivo ser concluído até 2041. O que torna esse projeto particularmente inovador é seu compromisso com a sustentabilidade, planejando utilizar apenas 10% de aço e principalmente madeira projetada em sua construção. Enquanto isso, Londres está embarcando em sua própria jornada de construção em madeira com a Oakwood Tower, projetada para atingir 300 metros de altura, enquanto Chicago explora o conceito da River Beech Tower, com uma altura de 230 metros. Esses projetos destacam o notável potencial dos arranha-céus de madeira, impulsionados por avanços tecnológicos contínuos e esforços globais de prototipagem. À medida que essas propostas se tornam realidade, é verdadeiramente inspirador observar a inovação e a experimentação sem limites que estão moldando o futuro da arquitetura urbana sustentável.
Texto editado e adaptado. Leia matéria na íntegra em: https://www.archdaily.com.br/br/1006889/arranha-ceus-de-madeira-uma-tipologia-de-baixa-emissao-de-carbono-para-o-seculo-xxi